INERVAR


1. distribuir os nervos em um corpo, incitar, estimular;
2. transmitir atividade ou capacidade motora a;
3. conceder nervos a;
4. efetuar nervuras em; difundir-se por (nervo)

(Etm. in+nervo+ar)


Temporalidade da iminência... a espera em estado de prontidão ... repetição de imagens.

Ato de abandono para que algo possa submergir, espaço escavado para que algo possa advir.

Existência enquanto esboço, inacabamento.

Micro fissuras, micro-movimentos, rupturas que re-desenham. Ranhura, intenção.

Estar na materialidade do presente. O que é estar preenchido?













“SOBRE A “NERVURA”

Na biologia, “nervura” se refere aos filamentos compostos por feixes de fibras que transportam os impulsos dos órgãos sensoriais ao sistema nervoso central e vice versa,
possibilitando movimento e sensibilidade. Na botânica, a palavra “nervura” quer dizer filamento ou veio de folhas e pétalas por onde é transportada a seiva. Na zoologia, “nervura” se refere ao tubo córneo que, ramificado, sustenta a membrana das asas dos insetos. Na tipografia, “nervura” se refere à saliência transversal das lombadas dos livros encadernados. E, na arquitetura, “nervura” é o termo que designa a linha ou a moldura saliente que separa as arestas de uma abóbada, os lados das ranhuras ou os ângulos das pedras. A “nervura da ação” é, portanto, por definição gramatical, uma questão vegetal, animal, mineral, arquitetônica, gráfica, que envolve voo, suporte, transparência, curvatura, ângulo, moldura, ranhura, saliência, lombada, movimento, seiva, pétalas, veias, asas, órgãos, filamentos, córneas, membranas, sensibilidade, flores, fibras e livros. Ou, ainda, a “nervura da ação” é uma questão de misturas, de combinações minerais, vegetais e animais através de ações humanas em busca de compreensões corporais outras, de invenções psicofísicas muitas. A nervura diz respeito ao que há de seiva nas saliências transversais dos livros de arquitetura encadernados com pétalas de flores; a nervura diz respeito ao ângulo da pedra em que pousa um livro e suas asas vegetais; diz respeito à natureza córnea, transparente e aquosa das molduras cerebrais; ao feixe de fibras que transporta os impulsos das saliências através do nosso órgão tubular central; diz respeito às ranhuras das abóbadas sensoriais onde moram anjos e insetos; diz respeito aos movimentos sensíveis das folhas em dias de sol; a nervura diz respeito aos movimentos sensíveis das gentes diante de folhas flutuando, asas caindo e páginas amarelecendo e diz respeito, finalmente, às dobraduras e aos desdobramentos das palavras.” [FABIÃO, Eleonora - Corpo Cênico, Estado Cênico. Artigo na Revista Folhetim, do Teatro Pequeno Gesto, nº 17, mai-ago 2003]



















































NERVURAS


Procedimentos

#Preparação
#Encontros
#Instruções



































#Encontro 1 - 27/Março















#Preparação 2 - Vídeos Repetição/Acumulação
Rosemary Butcher - Vídeo 1 2 e 3

















#Encontro 2 - 10/Abril

















#Instrução 1 - Instrução para tornar-se Carne

















#Preparação 3 - retorno ao material pesquisado via registros escritos, desenhos, vídeos e memórias do que foi experimentado; revisitar os vídeos de Rosemary Butcher.












#Encontro 3 - 15/Maio



















#Preparação 1 - Procedimento: Auto entrevista


























#Preparação1 - Auto-entrevista

"Ato de abandono para que algo possa submergir", "rupturas que re-desenham", "metamorfose", "estar na materialidade do presente", "estar na experiência", "o que é estar preenchido".

Peço a você que escreva uma Auto-entrevista, fazendo perguntas e respondendo-as para si mesma. Escolha uma das suas indicações acima de interesse e a partir dela escreva. Escreva perguntas a você mesma e responda-as. E depois me mande via email tudo (as perguntas e respostas). Pode ser algo bem simples, uma ou duas perguntas e respostas. Nesta auto-entrevista você pode ser bem descritiva-realista, ou criar mundos imaginários, contextos fantásticos. Ando muito interessada no realismo fantástico da literatura. Você pode criar personagens, não precisar ser uma resposta "sua". Ou o entrevistador pode ser um personagem. Você escolhe.

____________________________________________________________________________

Procedimento: Auto-entrevista [Fonte: www.everybodystoolbox.net]

História e objetivos: A auto-entrevista é um exercício de escrita destinado a desenvolver o seu trabalho através de articulação verbal. Questionando-se como uma estratégia de desenvolvimento ideia, documentação e /ou reflexão. A auto-entrevista é para ser entendida como uma ferramenta que pode ser usada em diferentes momentos de um processo de trabalho, como uma preparação/ proposta de uma obra, como documentação ou como uma ferramenta de reflexão, uma vez que o trabalho tenha sido concluído. A auto-entrevista também é uma ferramenta para compartilhar idéias, trabalho, métodos, estratégias e ect.

Descrição: Decida o que você quer alcançar, escrevendo a auto-entrevista. (O seu ponto de partida, o que você quer questionar, uma determinada idéia, um processo, um desempenho que você já fez ou algo completamente diferente). Pergunte a si mesmo com perguntas por escrito e responda-as. Encontre uma estratégia de auto-questionamento em que você se encaixa.




























Resposta Andrea Fraga - Auto-Entrevista

AUTO ENTREVISTA – 25/03/2013

Estar diante de...

O fato

O medo

Si mesmo

Tenho pensado o quanto tudo isso passa por um processo terapêutico... não consigo pensar numa auto entrevista sem me considerar como estou...

Por exemplo, acordei de um sonho de medo e quando comecei a pensar em que perguntas me faria, vieram essas, que não sei se tem tanto a ver com o nosso procedimento...

Você tem medo de água fria?

Meu signo é água, meu ambiente preferido também

O rio em que boio, flutuo, sinto o sol e me sinto só, mas também preenchida dele, como se esse fora fosse meu dentro...

Esse rio, porém, quase me levou meu pai e eu tive medo dele

O mar que me invade, me faz sentir o sangue circular, acende a pele, me liga com o infinito, me move, me acorda, me oferece resistência com a qual luto, chuto, grito, brinco...

Esse mar, porém, quase me levou meu filho e eu tive medo dele

Essa noite sonhei com um rio subindo sorrateiramente, ultrapassando pontes, tranquilamente, cobrindo vales, levando o que aparecesse... me deu medo

Água dizem que é a imagem do inconsciente... em sonhos geralmente me acorda pro profundo

Água insuportavelmente suja, ou tão impossivelmente límpida, onde às vezes surpreendentemente respiro, onda que me assusta ou correnteza que me leva pra bem longe

Sim, tenho medo de água fria!

O fora que é dentro, o dentro que se materializa fora

Agora pensei nas nervuras como rios num mapa, que enervam a terra em vales, e se esvaziam no mar

Acho que ainda não consegui sair do óbvio

"Ato de abandono para que algo possa submergir", "rupturas que re-desenham", "metamorfose", "estar na materialidade do presente", "estar na experiência", "o que é estar preenchido".

Dá medo! Como mover o medo se ele paralisa?

O susto suspende o choro
O susto sustentado não se dilui em lágrimas

















Al

















#Preparação 2 - Repetição Acumulação

- Vídeos Rosemary Butcher - Vídeo 1 2 e 3

Depois de Allan Kaprow representa uma continuação e extensão estética em sua trajetória, Rosemary Butcher, enfatiza a situação de seus corpos intensivos, qualidades de movimento relacionadas a contextos e site-specific. Kaprow, com os Happenings e a reinterpretação posterior de Rosemary forneceram a base para o conceito de que viria a se consolidar no Após Kaprow. O que resta é a extensão do contexto performativo através de um diálogo com a forma arquitetônica, e as possibilidades oferecidas por uma justaposição com a linguagem do vídeo.

http://rosemarybutcher.com/











#Encontro 1 - 27/Março


- exploração de movimento a partir do Body-Mind Centering®. Estudos a partir da CARNE para a improvisação de movimento. CARNE: Toque de descolamento, e deslize da carne em relação ao osso (separação da carne do osso). Pensando CARNE - como tudo o que se pode comer (então, musculos, orgãos, etc); toque com movimento - enquanto um toca o outro já se move e investiga movimentos, a condução do movimento é de quem se move. Quem se move e recebe o toque está de olhos vendados. Duração: 10 min.

- #procedimento 1 - Repetição e acumulação - pesquisa de movimento. Duração: 15 min.

- #registro1 - desenho. Duração: 5 min.



















01 - Hidden Voices - simplicidade e delicadeza. #Procedimento Repetição-Acumulação











02 - Images Every Three Seconds - Um pequeno quadrado de constantemente mudando padrões de luz é projetada sobre o chão. Assim, os movimentos, as partes do corpo e por vezes todo o corpo, são capturados e iluminados momentaneamente - a cada três segundos. Cada frase curta é independente do outro.











03- Aftermath - o branco, a escuridão, o silêncio, natural de ruptura. O corpo vai a lugar nenhum, rasgando portais em tumulto incessante de uma imagem de memória dentro do som, imagem dentro do som. [Relação com a Auto-Entrevista].





















#Encontro 2 - 10/Abril


- exploração de movimento a partir do Body-Mind Centering®. Estudos a partir do CARNE + SANGUE para a improvisação de movimento. CARNE+SANGUE arterial: Toque de volume e pulsação; toque inicialmente na “pausa” - enquanto um toca o outro recebe mas já esta ativo, ativando as inervações dentro do corpo. Segundo momento quem recebeu o toque se move e investiga movimentos. Olhos abertos e escolhe 2 referências externas para a experimentação. Duração: 15 min.

-#carta de instruções + exploração de movimento. Duração: 12 min.

-#imagens abandono 1 - “Ato de abandono para que algo possa submergir” + exploração do movimento. Fotografias de Robert Polidori de Nova Orléans depois do Furacao Katrina. Duração 15 min.

-#procedimento 2: Imagem a cada 3 segundos. Duração: 15 min.

-#registro 2 - escrita automática. Duração: 3 min.





















#Encontro 4 - 29/Maio



















#Encontro 5 - 12/Junho



















#Encontro 6 - 19/Junho



















#Encontro 7 - 03/Julho




























#Instrução 1 para o Coletivo 16 Mulheres e ½ - partitura de movimento

Roteiro

(Início - TODOS perto da cortina, alinhados)

Instruções para tornar-se Carne

#Instrução 1

Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo.

Escolha um lugar na sala, próximo a cortina. Deite seu corpo com as costas encostadas no chão. Desista. Permaneça neste abondono por um tempo.

Toque partes do seu corpo e sinta de maneira sucessiva as fibras existentes em cada filete de Carne.

Aproveite para aquecer o seu corpo.

Sinta-se Carne aos poucos...

Duração: 10 min.


Quando achar que foi o suficiente, siga para a #Instrução 2.
Neste momento você NÃO poderá ir sozinho, mas assim que uma das pessoas se levantar, todos seguirão com ela para a #Instrução 2. Vocês deverão criar uma maneira de entrar TODOS ao mesmo tempo no corredor de papel e também sair ao mesmo tempo, com uma qualidade de movimento bem lenta. Vocês estarão conectados do início ao fim do corredor.
Duração: 3 min.


#Instrução 2

Ao entrar no corredor, escolha uma pulsação inerente já a seu corpo, um rítmo que irá lhe acompanhar durante toda esta trajetória.

Retorne ao procedimento de imagens a cada 3 segundos, com deslocamentos que partam e retornem ao mesmo ponto de partida. Reconheça gestos, e desenhe no papel, deixe rastros de movimento com o carvão com uma qualidade de deslizar, pesquisando repetições e acumulações deste gestual.

Duração: 10 min.


Ao sair TODOS ao mesmo tempo, observem por um tempo os RASTROS que ficaram no espaço.
Duração: 2 min.
































#Encontros 3 e 4 - 15 e 29/ Maio


- Pesquisa de 3 qualidades de movimento/ 3 fisicalidades nascidas de 3 procedimentos de naturezas completamente distintas:

1. SANGUE ARTERIAL: pulsação
Procedimento: #Repetição/Acumulação

2. CARNE: torção e gestualidade
Procedimento: #carta de instruções - Instruções para Tornar-se Carne

3. FURACÃO: corpo em desequilíbrio sendo provocado pelo espaço.
Procedimento: #imagens abandono - “Ato de abandono para que algo possa submergir” + exploração do movimento. Fotografias de Robert Polidori de Nova Orléans depois do Furacao Katrina.

Retomada dos procedimentos e fisicalidades






















Ju









#Encontros 5, 6 e 7 - 12-19 de Junho e 03 de Julho


Retomada dos 3 procedimentos e fisicalidades. Sínteses de movimento em cada núcleo. Criação de um pequeno roteiro. Repetição da trajetória. A Andrea estabeleceu para ela uma maneira de ir aquecendo e ir transitando de um estado corporal a outro. Pesquisas sobre a transição.

1. SANGUE ARTERIAL: pulsação
Procedimento: #Repetição/Acumulação
Estado corporal: intensidade, pulso, repetição, acumulação de imagens.

2. CARNE: torção e gestualidade
Procedimento: #carta de instruções - Instruções para Tornar-se Carne
Estado corporal: tônus alto com torções, delicadeza nos gestos dentro de situações de corpo estranhas.

3. FURACÃO: corpo em desequilíbrio sendo provocado pelo espaço.
Procedimento: #imagens abandono - “Ato de abandono para que algo possa submergir” + exploração do movimento. Fotografias de Robert Polidori de Nova Orléans depois do Furacao Katrina.
Estado corporal: um corpo que é levado e provocado pelo ambiente, as fotografias provocaram este corpo. A qualidade do olhar é bem forte. Um corpo que é arremessado, está em desequilíbrio constante.






















Ju